quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ruptura

Nasceu. Mas não queria nascer. O homem de branco tascou-lhe um tapa burocrático, e o nascido berrou.
O pequeno ser observou e absorveu o mundo, compreendeu-o absolutamente, sem dúvidas, sem falhas. Em meio a sua epifania, seu pensamento- pastoso e inconstante- era zeppelin. Pairava acima do Conhecimento, acima da Forma, acima da Cor, acima do Impossível, movimentava-se com dificuldade, como se estivesse sendo constantemente puxado por uma infinidade de pegajosos e espessos fios.
O voador estava imerso em substância morna similar ao magma, porém nívea e confortavelmente úmida. Um sorriso invadiu as feições sem identidade do invólucro do voador. A substância evocou as memórias de sua vida anterior: o útero.
Tão rápido quanto o pequeno fora expelido de sua desavisada mãe, o zeppelin dissolveu-se, virou visão, percepção e self-awareness. Chorou, queria voltar! sabia que havia sido real, um real líquido que escapava por entre os dedos, mas real. Não queria este mundo, tão palpável e raso, queria voltar a voar.
O nascido nunca mais voltou ao seu zeppelin, viveu a sua vida neste mundo como um espectador inerte, como se estivesse tentando voar novamente.
Morreu, no momento em que nasceu.












8 comentários:

  1. Você leva jeito pra coisa campeão, continue a escrever e torne-se um vencedor.

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  2. FUUUUCK.
    Eu adorei ><
    vê se para com esse complexo de inferioridade, eu achei o máximo *-*
    mesmo, mesmo
    /lê de novo.

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  3. Ótimo!!!
    A principio não tinha entendido muito bem, mas, depois percebi quão bom é esse texto!
    (estava um pouco lerdo xD)

    Estou na expectativa de ler outros como esse. ^^

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  4. caramba Gabriel..
    Muito bom cara... uma bela introdução ao site..

    Mesmo o seu estilo de escrita ser o mesmo, o nível está bem melhor!!

    :D

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  5. Esse cara escreve rápido

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  6. O CARA ABANDONOU...







    COMO FEZ

    COM

    TODOS






    OS OUTROS .
    .
    .

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  7. Ôloco, re-senti na pele o trauma de nascer.

    Muito bom, Gabriel! O jeito de escrever é parecido, mas refinado, mais bonito. Dá saudades de ter um blog pra escrever coisas :~

    Complexo de inferioridade minhas bolas.

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